quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Mundo vazio


         Hoje acordei e logo lembrei do desastre de ontem a noite, lembro que dormi chorando, a tristeza voltou e fez com que eu parasse em minha cama com os braços esticados abertos pensando que merda eu teria feito, por que eu me arrependera tanto. Aquele breve embrulho no estômago, a cabeça latejando o medo tomando conta de mim.
         Logo que abri a porta de meu quarto sai vagando ate o banheiro onde lavei meu rosto, me encarando no espelho ate ficar cansada. Bufei, fingi um breve sorriso que logo desapareceu, respirei fundo por que sou tão tola? murmurei baixinho para mim mesma. Abri um largo sorriso tentando esbanjar a felicidade que eu não tinha em mim, por um minuto eu desisto de sorrir, bufando novamente e saindo do banheiro, passando rápido pela cozinha onde meu pai fazia o café.
Já em meu quarto, estiquei-me novamente na cama, desta vez com os braços sob o rosto tentando poupar meus olhos da luz forte do quarto.
         Sentei-me ainda na cama, respirei fundo três vezes, passei a mão em meus cabelos emaranhados resultado da noite mal dormida. Esfregando os olhos levante de minha posição embriagadora. Vamos lá pensei comigo. Pegando qualquer camisa que eu visse pela frente, logo a sorteada era logo a camisa de mandas curtas cinza que quase nunca usara. Logo busco uma calça jeans qualquer e minha velha sapatilha preta. Penteio os cabelos brevemente. Respirando fundo mais três vezes. Vou tomar café

***

         Saindo de casa, busco vagarosamente meus fones de ouvido verde-limão em minha bolsa. Em um suspiro já ligo a música no volume mais alto que eu conseguira. Mas o silencio interno me assombra. E minha mania de falar mais do que o cérebro pensa fez com que eu fizesse aquilo ontem. Tento me desligar do problema e concentrando-me na musica, tento cantarolar para esquecer tudo.
       Quando chega o ônibus percebo que o silencio ainda é maior.  Respiro fundo e penso que não há mais ninguém lá. Sinto uma breve vontade de cair em lágrimas ali mesmo, de pé em meio aquele mundo de gente. Levantando a cabeça, forçando as lágrimas não saírem. Respirando fundo e suspirando, faço até perder a conta, mas me acalmo. Já é um tormento dia frio, chuvoso, avisto a frente uma fila gigantesca, pelo meu ver sei que ficarei um bom tempo lá, e terei muito o que pensar.
       Agora mais silencioso do que nunca, desligo a música e desconecto os fones. O silencio é maior ainda. Sinto o celular vibrar dentro da bolsa, vejo. É ele. Sinto um nó no estômago cada vez mais pressionado. Respiro bem fundo e o mais rápido possível, logo apertando o botão "atender". A voz dele soa como a de um anjo, de coração partido tento me esforçar para não chorar ali mesmo, respondendo com sinceridade cada coisa que ele falava com a voz ainda meio tristonha. Fazendo com que algumas lágrimas fugissem do meu controle. Ele pede com carinho que eu o ligue no horário de almoço, e depois diz que me ama. E assim pedi que ele se cuidasse e que eu o amava muito. Assim nos despedimos.
       Usando o celular como espelho seco minhas lágrimas. Com os olhos vermelhos e pior com cara de nada, encaro as gotas que escorrem pela janela. Enquanto penso no que eu devia fazer...

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